A memória muscular
- margaridapitorro
- Mar 9, 2024
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Updated: Apr 30, 2024
A memória é um conceito bastante estudado na psicologia, que consiste na capacidade de armazenar e recuperar informação, de modo a reter conhecimentos, ideias, acontecimentos, entre outros.
É uma componente essencial para sermos alguém, e não simplesmente um conjunto de momentos. Deste modo, a memória está na base de todos os nossos processos cognitivos, tornando possível adaptarmo-nos a um meio através da aprendizagem, visto que só pode ser feita através da mesma.
Assim, apresentamos um tema que é crucial para qualquer músico: a memória muscular.
Mesmo que uma pessoa tenha a intenção de se tornar num músico, esta por si só não basta. Qualquer que seja o instrumento, é necessária a memorização dos locais correspondentes às notas musicais. Além disto, é preciso lembrar-se de como se posiciona o instrumento de modo a que a utilização do mesmo produza som (como é o caso dos instrumentos de sopro) ou como posicionar as mãos num arco de modo a que saia uma nota firme e não somente um som ventoso (como é o caso dos instrumentos de corda).
Porém, ainda que estes exemplos da utilização da memória sejam fundamentais para o bom funcionamento de uma orquestra, há um que ainda não foi referido mas que nem todos os músicos têm: a capacidade de conseguir decorar uma peça inteira através da memória muscular. A partir da mesma, é possível tocar uma composição do início ao fim, apenas utilizando a nossa capacidade de reter as notas e respetivas combinações, sem sequer ser necessário o auxílio de partitura.
Um excelente exemplo da mesma esteve presente num concerto de uma das pianistas portuguesas mais conhecidas e talentosas: Maria João Pires.
Em 1999, esta pianista havia sido convidada para participar nos concertos de almoço com a Amsterdam Concertgebouworkest, constando no programa dois concertos: um de Mozart e um de Mahler. Acompanhada pelo maestro Riccardo Chailly, Maria João Pires subiu ao palco, mas, mal Chailly deu os primeiros sinais para a orquestra começar a tocar, Maria João apercebeu-se que tinha estudado o concerto errado de Mozart.
A reacção inicial de Maria João foi de pânico. Porém, com o encorajamento do maestro, Maria João Pires recompôs-se e recorreu à sua memória muscular para tocar o Concerto de Piano No.20 de Mozart, que estava no programa, sem falhar qualquer nota.
Se quiseres, vê como aconteceu por ti: https://youtu.be/n89F9YKPNOg?si=We1LYux1DpYxQtrm
Em suma, a memória é fundamental para o bom funcionamento do ser humano e para termos identidade. Assim, a sua utilização pelos músicos não é exceção, que através da memória muscular conseguem fazer um público passar por todo o tipo de emoções através das melodias de uma orquestra.
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