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O Efeito Mozart

  • margaridapitorro
  • Jan 14, 2024
  • 2 min read

Updated: May 5, 2024

 

Como já apresentado num post anterior, Wolfang Amadeus Mozart foi um dos mais geniais compositores de todos os tempos. No entanto, a genialidade das suas músicas não se resume apenas ao campo musical, estendendo-se também à área da psicologia. De facto, estudos recentes apontam para o potencial existente numa sonata específica de Mozart, a Sonata para Dois Pianos em Ré M (K448).

  Foi assim que, em 1991, foi introduzido o conceito do efeito Mozart, numa experiência conduzida investigador Alfred A. Tomatis, onde se concluiu  que a exposição às frequências da K448 podia promover um melhor desenvolvimento do cérebro. O investigador organizou três grupos de estudantes e colocou-os diferentes condições antes de realizarem uma prova: o primeiro ouviu K448, o segundo ouviu outro tipo de música e o terceiro não ouviu nada. Após a conclusão da prova, o primeiro grupo obteve uma melhor classificação (correspondente a mais 8 pontos de QI) que os outros dois grupos.

No entanto, apesar de terem sido formuladas várias teorias acerca do assunto, realizou-se uma análise aprofundada sobre o Efeito Mozart e concluiu-se que as alterações cognitivas seriam apenas a curto prazo, não existindo um aumento permanente de inteligência (provavelmente, a audição desta sonata apenas promoveria o relaxamento do cérebro momentaneamente, aumentando a capacidade cognitiva da pessoa).

  Apesar de se ter provado a falsidade do efeito Mozart na melhoria cognitiva, vários investigadores não perderam a esperança em relação ao potencial terapêutico da K448, nomeadamente ao nível da epilepsia. No ano de 2021, uma equipa liderada por Ivan Rektor tinha divulgado um estudo em que mostrava que escutar a K448 poderia levar a uma redução de 32% das descargas epileptiformes – ondas cerebrais eléctricas associadas à epilepsia e que podem causar convulsões. Sugeria-se assim que aquela sonata de Wolfgang Amadeus Mozart poderia ter um efeito anti-epiléptico no cérebro e até poderia vir a ser um possível tratamento para evitar convulsões. Um novo estudo associa a música de Mozart a efeitos terapêuticos na epilepsia.

Num trabalho agora revelado, uma equipa liderada por Robert Quon estudou o cérebro de 16 adultos com epilepsia resistente à medicação (epilepsia refractária). Verificou-se que ouvir entre 30 e 90 segundos da K448 estava associado a uma redução de cerca de 66,5% nos picos da actividade cerebral eléctrica ligada à epilepsia – o mesmo não se viu com outras composições musicais. Observou-se ainda que as reduções eram maiores na região frontal bilateral do cérebro, nomeadamente em partes envolvidas na regulação das respostas emocionais.

  Deste modo, começaram-se novamente a formular hipóteses acerca do poder desta misteriosa sonata: a forma da música poderia conseguir atrair os circuitos cerebrais ligados à emoção e à atenção ao criar uma certa expectativa musical e depois “jogar” com essa mesma expectativa. Outra das explicações é a de que a sonata tem um ritmo de semicolcheia relativamente constante (cerca de 128 batimentos por minuto na gravação usada na experiência) e que isso pode suscitar a sincronização de ondas cerebrais com o sinal auditivo.

  Concluímos então que, embora os estudos sejam ainda alvos de críticas como o baixo número de pacientes, a K448 poderá no futuro evoluir para a elaboração de um novo género musical, o “anti-epiléptico”. Apesar de não ser um potenciador de inteligência, o efeito Mozart tem, afinal, muito a oferecer no campo da terapia da epilepsia, por exemplo.

 

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Bach2Psicology

Margarida Soares e Ricardo Pereira

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